O livro Nunca deixe de tentar (Editora Sextante), de Michael Jordan, com comentários do técnico Bernardinho, é bem curtinho (apenas 79 páginas), mas leia com calma, digerindo cada parágrafo e perceberá como o conteúdo se desdobra em nossa mente.
Gosto mais do título original: “I can’t accept not trying”, que significa “Eu não posso aceitar não tentar”. É o resumo da linha de raciocínio do livro. Jordan não aceita não tentar. Não aceita dar desculpas para si mesmo e para os outros.
Michael Jordan é considerado o melhor jogador de basquete de todos os tempos. O que o fez tão bom não foi sua estrutura física ou seus conhecimentos técnicos, mas seu posicionamento positivo e aguerrido. Isso é o que faz um vencedor em qualquer área.
O livro parece um bloco de anotações, com notas práticas e simples, que valem para qualquer pessoa. Olhe esse trechinho:
Faço perguntas, leio, ouço. Não tenho receio de perguntar quando não sei algo. Por que deveria? Estou tentando chegar a algum lugar. Ajude-me, me dê uma orientação – não há nada de errado nisso.
Eis algo que as pessoas deveriam aprender. Já vi problemas gigantescos se formarem porque um indivíduo não entendeu algo direito, ficou com medo de perguntar e levar uma bronca e acabou fazendo tudo errado. Penso que é milhões de vezes melhor passar por chata e levar uma bronca pela importunação, mas entender tudo bem direitinho e fazer certo, do que não perguntar e depois fazer tudo errado. (O engraçado é que faço isso direto e não me lembro de já ter levado bronca pela importunação.)
Aliás, isso me leva a outra regrinha que aprendi: não faça nada por medo. Toda vez que hesito em fazer alguma coisa, penso: “por que quero fazer isso?” ou “por que não quero fazer isso?” Tento ser o mais honesta possível na minha resposta, não aceitando desculpas esfarrapadas. Lembra do que aprendemos no livro “Casamento Blindado?” Perguntar “Por quê?” Pelo menos cinco vezes, para descobrir a raiz do problema? (Lá vai um trechinho do Casamento Blindado! )
Uma técnica desenvolvida por profissionais japoneses diz que se você definir um problema e perguntar por que ele está acontecendo, até cinco vezes, você provavelmente vai encontrar a raiz desse problema.
Por exemplo:
• A casa esta fria. (Problema) Por quê?
• Porque o sistema de aquecimento está quebrado. E por quê?
• Porque não foi feita a manutenção periódica. Por quê?
• Porque eu não queria gastar o dinheiro. Por que?
• Porque eu sou muito pão-duro e não gosto de gastar dinheiro a
não ser quando não tem outro jeito. (Raiz do problema!)
Então, quando aplico essa técnica e descubro que a raiz do problema é medo, apoio minha decisão nessa descoberta. Se eu não estava querendo fazer algo por medo, vou lá e faço. E se eu estava querendo fazer algo por medo, desisto de fazer e faço o contrário. Mas de vez em quando a luta fica mais acirrada. Foi em um período desses que li “Nunca deixe de tentar”. E me deparei com o seguinte trecho:
Qualquer medo é uma ilusão. Você acha que há algo atrapalhando o seu caminho, mas na verdade não há nada ali. O que existe é uma oportunidade para você fazer o seu melhor e obter sucesso.
O mais legal nos bons livros “motivacionais” é que eles trazem o óbvio e o jogam na nossa cara…esbofeteado com o óbvio, você acorda e diz: “puxa, é verdade!” e a partir do momento em que algo é trazido para o consciente, a gente consegue resolver. O medo é uma ilusão criada por nossa vontade de antecipar o que de pior pode acontecer (o que é uma coisa bem burra, se você parar pra pensar). Mas nada aconteceu ainda. Então por que não ignorar o medo e fazer o seu melhor?
Estabeleço metas realistas e mantenho o foco nelas. (…) Um passo de cada vez. Não consigo imaginar nenhuma outra maneira de realizar algo.
Se colocar isso em prática (metas realistas, um passo de cada vez), conseguirá um bom antídoto contra a ansiedade. Outro trechinho que me lembrou a parte do “Casamento Blindado” que fala sobre o casal ser um time (Isso é coisa minha, Michael Jordan não leu “Casamento Blindado” – deveria ter lido, aprenderia a aplicar esses mesmos princípios em seu casamento), foi esse daqui:
Se você projeta e alcança resultados em termos de equipe, as recompensas individuais acabarão acontecendo naturalmente.
É por isso que sempre que tentamos fazer algo pensando apenas em nosso umbigo, nos damos mal. Assim, pensar em equipe no casamento, na igreja, na família, na escola, no trabalho, sempre funciona melhor.
Por fim, se você reclama de problemas recorrentes, da vida que não sai do lugar…são sempre os mesmos problemas, as mesmas lutas, as mesmas situações e reclamações….por quê? Se continuar fazendo as mesmas coisas, como ter resultados diferentes?
Existe um jeito certo e um jeito errado de fazer as coisas. Você pode praticar arremessos durante oito horas por dia, mas se a sua técnica estiver errada, tudo o que irá conseguir é se tornar muito bom em arremessar a bola do jeito errado.
Convenhamos, ser muito bom em arremessar a bola do jeito errado não parece um propósito muito inteligente de vida, né?…rs…
É um livro baratinho e fininho. E vale muito a pena, se você colocar em prática. Organização, determinação, disciplina, comprometimento, honestidade, responsabilidade e coragem para pagar o preço. Foi isso o que o levou Michael Jordan ser o que ele é. Se ele tivesse se entregado aos medos, inseguranças e desculpas e se tivesse procurado atalhos, jamais teria chegado a lugar algum.
Vanessa Lampert
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